segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

VERSOS AO PULSILÂNIME SANTO

Deus! Veja agora minha carne crua
Lutuoso encontro-me chorando
Este verme que meu ser vem devorando
É também uma formidável obra tua.

Cristo num horizonte nunca visto
Muito embora sejas três em um
Não te encontro em lugar nenhum
E já nem sei se ainda tu és misto.

Na ansiedade dessa agonia
Teu indigente perdão imploro
Sobre o túmulo do leproso imploro
Recordando a santa profecia.

Tal qual um anjo viria
O monstro por ti criado
Na mesma pedra ainda espero sentado
Onde sentou o verme de tanta hipocrisia.

Cobre-me agora com a capa
Tirada da sagrada escritura
Vejo-te preparando minha septicêmica sepultura
E também minha face à outra tapa.

Criação da tua onisciente insanidade
Monstro da argila preparado
No Edem, a maçã não foi o pecado
O pecado foi o conhecimento da verdade.

Hoje esse desolhado sem direção
Não passa de uma apenada alma
Desde a epigênese amaldiçoada
Por ti, dito o Deus da criação.

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