segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

NECROFÍLICO VÔO DAS MOSCAS

Busco no vazio do prato, o extermínio da fome
Encontro apenas meu filho acamado
Chorando sobre o sangue melenado
Culpando a omissão do deus-homem.

Sinto o estômago comprimido pela míngua
Que alimenta essa estéril terra
A desnutrida filha que no chão agora berra
Chora a fome comendo a própria língua.

Meus olhos não conseguem enxergar
Durante o dia a bactéria escondida
Que à noite sai para fazer-me sua comida
Nessa cadeia, até deus tem que se alimentar.

Caminho enfraquecido pela desnutrição
Das minha pernas e pela falta de neurônio
Este cadáver já não é mais tão medonho
Apenas um avanço na cerebral desoxigenação.

Nesta abiose, minha neurose quer apenas ver
Este esqueleto ser, agora cianótico
Esperar o verme que irá me devorar o nervo óptico
Esta putrefática matéria ter um dia o que comer,
À minha filha Marylee

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