segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O ORTO DA VELHICE
 A urina esvai-se com dificuldade
Quem sabe da bexiga espremida
Estaria pela sangrenta hemorróida comprimida
Ou pela próstata anunciando a realidade.

O coração sua aorta já é safena
O tempo avançado o torna idoso e cansado
Procriando mais um velho enfartado
Ou um paralítico entrando em cena.

Deito-me abraçado com a rugosidade
Parceira antagônica do ufanismo
Cansado pelo desgastado organismo
Rendo-me ao cronologismo da idade.

Somos três, eu, a velhice e a mente lerda
Não! Cinco. Resta-me a cadeira e a cama
O reumatismo atirou-me e esta lama
E a mielopatia cervical metamorfoseou-me nesta merda.

Caminhada lenta, pelo galo no calcanhar
Olhos doentes, anunciando o glaucoma
Quem sabe da cegueira o sintoma
Da epicondilite que meu braço vai amputar.

Neurônios, tecidos, corpo, enfim, tudo necrosado
Fragmentos da fragilidade biológica
Gametas da ruptura neurológica
Alimento para o verme esfomeado.

A cisma não era da bactéria
Nem do bacilo que meu corpo perfurava
Era da psoríase que no meu ser tanto coçava
Devorando pouco a pouco esta matéria.

Minha morte se avizinha como um raio
Como um raio minha morte se avizinha à toa
Célere como a água que adentra na canoa
E como um raio célere da canoa saio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por ter comentado, seu comentário é muito importante