sexta-feira, 19 de setembro de 2014


Sentimentos

O mar quebra a onda como um coice de camelo
O estrondo agonizante da noite fria como gelo
O amor é tanto que já não sei como retê-lo
E a solidão que me atormenta é meu flagelo.

Olho para onda que se debruça, meu zelo
Em vão se vai na fluorescência  do teu cabelo
O sacrifício é em vão, então porque fazê-lo
Se o desprezo pelo amor é o teu modelo.

Praia deserta, escrevo na areia, inútil apelo
À  chuva que cai lixiviando a dor do meu cotovelo
O sofrimento permanece, não posso entendê-lo  
Partiste levando no  barco o teu desmazelo.

A lua tenta clarear o rosto onde jaz o teu selo
A copa balança, do coqueiro já não vejo o grelo
O vento está frio Helena, como devo aquecê-lo
Orienta meu caminho com teu enigmático novelo.

A água beija a branca areia que abraça meu tornozelo
Impedindo-me de seguir na vida, para mim um atropelo
O vai e vem da espuma no teu nome, como escondê-lo
 Enquanto a febre da solidade me consome o cerebelo.       

O sol aquece a manhã trazendo no raio o degelo
Do sereno  que me insinuou  escrever com tanto desvelo
O verso que por ti, por toda minha vida terei que vivê-lo  
Mesmo sabendo que viverei eternamente esse pesadelo.

Sosinhosouza