segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

HOMENAGEM AO AMIGO
A vida estará sempre mesclada
De loucos e estranhos prazeres
Juro que vi tua barriga inchada
Um dia antes de morreres.

Era a cirrose que como um dragão
Assava-te o fígado com as brasas
Dos malditos cigarros que fumavas
Os mesmos que necrosavam o meu pulmão.

Miscigenação do álcool com o fumo
Edacíssimo do ácido cianídrico
Monstro da cerveja e do consumo
Libente do acetilsalisílico.

Tal qual um servo como ao senhor guardava
Cumprias fielmente a penitência
Dizias ter tanta sapiência
Todavia, o vício era quem na verdade nos guiava.

A tua chaga não está na tua bebida
Tampouco nos versos que saem da tua boca
A desassisarção ou a metamorfose consumida
São os cânceres que deixam tua vida louca.

Pontífice da sacra ordenação
 Confessavas já desde de menino
Para do padre beber o vinho
E tirar o gosto com o pão do sacristão.

O teu estoicismo é pura inconcludência
Por não perceber que não era no organismo
Que carregavas o gen de todas as doenças
Por isso morreste no ostracismo.

Teu nascimento foi como um orto
Mas, não conseguiste conduzir tua ortobiose
De dia, te parecias como um morto
À noite, te deleitavas com a ritual neurose.

Agora caminhamos, lado a lado, por essa vida louca
No além meu amigo, cada um à sua maneira
Tu, com tua cirrosenta bebedeira
Eu, com o meu tísico cigarro na boca.
Ao amigo atayde

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