segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CARBONIZAÇÃO DA ESPÉCIE

Nos campos amazônicos das queimadas
Minha face enruguece precocemente
Vendo tantas celuloses derrubadas
Por um motorizado dente indecente.

Cada essência em alta combustão
Cria-me na mente uma idéia apodrecida
Vendo a biodiversidade em perfeita extinção
E uma Amazônia impregnada de ferida

Nos talvegues pelo mercúrio assoreados
Com a chuva ácida que o freático polui
Meu sangue escorre pelos leitos contaminados
Na biodinâmica nem o fungo evolui.

Na fotossíntese do gás carbônico
O relacionamento já de vez se aniquila
Pela morte prematura do ozônio
Ou que sabe pela palidez da clorofila.

Esse mortífero instrumento contundente
Ceifando o que é bom e não ruim
Faz-me tremer até o dente
Ah! Quisera fosse o dente do cupim.

Carcomido no chão só resta o cerne
Teu maldito corte é tão profundo
Que servirá como abrigo para o fétido verme
Aumentando a capitalista fome no mundo.

Nutrindo o câncer da toupeira
Provocando na embriológica vida a artrose
Vicejando o broto da cegueira
De deus que não elimina de vez essa virose.

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