segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PRECOCE INFÂNCIA

Sinto no âmago da minha matéria
A dor desta maldita chaga
Esta dor que minha vida apaga
E faz-me enxergar tua miséria.

Lembro-me de tua tenra idade
Dos teus negros dias de agonia
A desgraça cedo atingiu tua mocidade
E ao mundo mais um escarrado cuspia.

A rua cheia de idiotas
Todos contaminados de ablepsia
Não vias que o mais infecto dos agiotas
Na desgraça da tua mãe enriquecia.

Porém, tua pior desgraça foi
Ter nascido nesse tempo
Por ruminares és tido como um boi
Por não seres burro, és taxado de jumento.

Teus amigos tragados pela vida
Hoje a morte suas faces arranha
A Sueli de menina virou bandida
E o Digueto um colossal monte de banha.

Todos os dias, o dia era pela noite engolido
E chegava o pesadelo da tenebrosa escuridão
No Ver-O-Pesso, de madrugada o Caboquinho havia morrido
E o Ponta torturado na prisão.

Não vi na tua infância passageira
A esperança de crescer
Vi o câncer devorar tua mente inteira
Então, foi bem melhor te ver morrer.
Ao meu irmão, Próbius Augustos

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