segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O BAILE LOUCO DA MENTE
A VISÃO
Avanço lentamente no meu biodúbio caminho
Esperando pela cura que não vem
Devo esperar pela a ajuda do além?
Ou será melhor morrer sozinho?

Vôo na ignóbil esperança celestial
De ver o extermínio da fome
Esse câncer que atrofia o coração do homem
Esse maldito nódulo social.

Meu olho de lágrimas está toldado
Dentro desta santa sacristia
Rio de dia mentindo à virgem Maria
À noite como uma praga choro esfomeado,

Vejo todos em vão rezando
Para um poder divino duvidoso
Quanto mais se ora, mais se fica asqueroso
Quanto mais se fica de joelhos, mais a fome vai matando.

Vejo tantos, na certeza da fome, de forma diferente
O bem que te faz na vida sofrer
O mal que te garante o direto de viver
No pensamento do homem indolente.

Vejo o rancor do negro, que segrega o branco em segredo
Sinto o ódio do branco, que deixa seu preconceito aberto
O rico torna seu caminho cada vez mais incorreto
O pobre faz disso seu eterno degredo.

O inferno revela as labaredas que me devoram a alma
O claro ilumina a escuridão da minha vida indigente
O corpo já não suporta o flagelo da mente
O céu é para mim um pequenino instante de calma.

Vejo a ambigüidade suprimindo o sexo
O pênis metamorfoseando-se em vagina de forma inexorável
A vagina erigindo-se como um pênis de modo indubitável
Mafêmea, femacho, num mundo desconexo.

A vida é como um rio caudaloso e lento
Cheio de gente que não avança
A morte dessa vida não se cansa
E devora essa gente como um sopro de vento.

Vejo a política transformando
Os melhores companheiros amigos
Em piores traiçoeiros inimigos
Para honra e glória da fome que continua matando.

Vejo Deus, a carnificina permitindo
Deste povo que tudo assiste bestificado
Pensando que o culpado de tudo é o pecado
Enquanto o Diabo, seu papel vai assumindo.

Vejo Deus, criando o tudo do nada
Para justificar ser o eterno criador
Se assim não fosse, seria um mero copiador
E o diabo não usaria o fio da espada.

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