quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A DAMA DA NOITE

Oh! Luxuriosa dama
Nada em ti via de errado
Muito embora fosse pecado
Deitar-me contigo em tua cama.

Não amanhecia quando comigo estavas
Só anoitecia quando comigo deitavas
Não sei se por dinheiro me aceitavas
Só sei que com loucuras me amavas.

A muito não via tão bela formosura
Ao longe ouvia falar-te todo dia
Sabia que teu manto me cobria
E modelava-te em perfeita escultura.

Teu corpo com um raio de sol resplandecia
Ofuscando-me os olhos e a mente
Cegando-me ao teu ato indecente
Criando-me teu amor entre magia.

Oh! Bela e enigmática dama da escuridão
Cujos lábios inchavam em harmonia
O que eu chamava de amor sem hipocrisia
Os hipócritas chamavam de prostituição.

Queimava-me então a alma em ver-te
Tão pura e deslumbrante ante meu rosto
Que corava por achar-te ao meu gosto
E chorava por amar-te, mas, não ter-te.

Ah! Quando te despia em minha verde pradaria
E deitava-te no aconchego do meu abraço
Sentia a fragrância e o mormaço
Do teu colo que ante minha boca se abria.

Ah! Formosa quimera
Das noites de sonhos e fantasias
Morro no pecado de tuas bruxarias
E não fujo da inquisição que me espera.

De dia o pudor tu perseguias
À noite então te libertavas
Como Lucrécia de amar tanto, matavas
Que eras dama, no amar te esquecias.

Oh! Minha despudorada Cristela
Nada em ti era imperfeito
Adorava em afogar-me no teu peito
E sorria em ser também tua clientela.

Tua boca como um jardim em flor se abria
No teu céu via minha estrela vicejando
Morria como um colibri me embriagando
No néctar da flor que em tua boca refloria.

Toda noite eu morria por não te ver
Todo dia pra ti ver, eu ressuscitava
Era dia quando da morte eu acordava
Era noite quando eu acordava pra morrer.

Hoje enclausurado escrevo nesta parede
O porquê de tanta penitência
Esculpida nesta pedra sois minha demência
Vem amada minha, matar tanta fome, tanta sede.

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