quarta-feira, 30 de setembro de 2009

TODOS OS CAMINHOS

TODOS OS CAMINHOS

Nessa sepultura onde repousa esta
Minha inorgânica matéria, canto
No silêncio do campo santo
Preces que não respondem os convidados dessa festa.

Estão todos mortos comigo
E cada um festeja a sua maneira
Ontem dançavam a valsa derradeira
Hoje pranteiam a confiança no amigo.

Pranteiam os dias de longos dissabores
Choram a falsa lágrima escapada
Dos negros olhos da mulher amada
Choram o desengano de seus grandes amores.

Pobres amigos, insanos na juventude
Rebeldes como a nuvem passageira
O Mateus coloria a praça inteira
Pro Otávio se perder na vicissitude.

Alberto caminhava lado a lado
Sempre com o utópico marxismo
Vislumbrando a pregação do anarquismo
Pra Roseane se deitar com seu amado.

Helena tão formosa e bela Cristina
perdida em meio a tanta burguesia
não via tanto amor que  havia
no verde  da minha triste retina

A insana Marlete no antro 
Não menos insano o Marcelo era
No IEP, na sua pura quimera
Que nos fazia verte o prematuro pranto.

Mais prematura foi minha magia
Bem mais prematura que meu primeiro dia
Num dia vivi cem anos de agonia
Em cem anos não vivi um dia de alegria.

 Festejarei os dias da minha sorte
Hoje, aqui nesta sepultura santa,
Canta, meu amigo Jurueno, e não te espanta
Porque todos os caminhos levam à morte.

Sosinho Souza

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